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Como o Reggae chegou ao Maranhão?

Esse é um grande mistério, afinal não se tem ideia como ele chegou ao nosso território.  Algumas teorias apontam para a circulação dele através dos marinheiros que atracavam por aqui nos anos de 1970 e, frequentavam a Zona do Baixo Meretrício, assim, eles usariam os Lps como forma de pagamento às profissionais do sexo.

Outra hipótese aponta para o rádio como o vetor de inserção do ritmo aqui, . Aí você me pergunta, mas por quê?  Como nós vivemos em uma zona tropical, as ondas de rádio que usamos aqui, são de onda curta, que permitem um alcance geográfico maior, tal como a Rádio Timbira, emissora radiofônica que pertence ao estado do Maranhão. 

O outro tipo de onda de rádio que usamos aqui, são as ondas tropicais, que usa a frequência 2300 kHz e 5060 kHz sendo mais utilizada nas zonas tropicais do planeta, com isso abrange grande extensões de terra também a partir de uma única antena. No nosso vizinho, o Pará, elas também eram conhecidas pela sua nitidez, já que não havia muitas rádios locais, que atrapalhassem a transmissão.

Já no Pará, desde 1930 havia o consumo do samba através do rádio e, na década de 1950 foram encontrados registros da circulação de músicas como bolero, salsa e merengue. Esse quadro permitiu o desenvolvimento de outras tecnologias, como o rádio valvulado e, a partir deles, os Sonoros surgiram como um sistema de som em alto-falantes. Eles podiam ser comerciais ou para divertimento em festas nas periferias de Belém.  

Cartões postais da RJR

Cartão Postal RJR de 1984.
Cartão Postal RJR de 1950.

Fonte: K6eid, s/d.

Já no Pará, desde 1930 havia o consumo do samba através do rádio e, na década de 1950 foram encontrados registros da circulação de músicas como bolero, salsa e merengue. Esse quadro permitiu o desenvolvimento de outras tecnologias, como o rádio valvulado e, a partir deles, os Sonoros surgiram como um sistema de som em alto-falantes. Eles podiam ser comerciais ou para divertimento em festas nas periferias de Belém.  

Aparelhagem Brasilândia, um dos aparelhos pioneiros de Sonoros do Pará. 

Fonte: O Globo, 2014.

No Maranhão, as coisas não eram muito diferentes, pois em 1951 encontramos registros de festas de Orquestras nos jornais da capital como o grupo “Chaminé e Sua Orquestra”, esta fazia parte do “broadcasting” da Rádio Timbira (A Pacotilha, 05/11/1951, p. 04), o que demonstra a importância desse tipo de atração na cultura local, mas refletia uma tendência nacional. Registro interessante é o show do grupo salvadoreño de marimba, o "Marimba Cuzcatlán", em 03/07 de 1952 em São Luís, o que aponta para a nossa preferência por ritmos caribenhos. 

O ritmo mais lento da marimba favorecia a dança em casais, além de evidenciar o uso de instrumentos de pau e cordas na percussão.

Nesses meandros, as inovações tecnológicas a partir do rádio valvulado foram substituindo as Orquestras de instrumentos de corda e sopro, levando à um processo de modernização da música popular paraense, que acelerou a sonoridade das músicas com alguns instrumentos musicais: o vibrafone, a guitarra havaiana e o solovox. Entre os músicos expressão deste período, estão o cantor de merengue Luís Kalaff e, o então jovem Pinduca. 

A guitarra havaiana do Carimbó de Pinduca demonstram a preferência dos paraenses para ritmos mais acelerados entre 1960 e 1970. 

No Maranhão, encontramos registros dessas músicas através da memória oral na qual, a rádios Timbira, Difusora e Ribamar foram importantes na captação desses sinais e, na construção do gosto popular da música caribenha, sobretudo o radialista J. Kerly que difundiu o artista Luis Kalaff e o merengue.

O  merengue de Luis Kallaf animou os salões do Pará e Maranhão com a dança em pares.  

Nesse salões onde eram tocadas  "as internacionais", o reggae apareceu, sem nome e misturado aos outros ritmos caribenhos que os maranhenses dançavam aos pares. Entre os primeiros músicos aqui tocados, são mecionados John Nash, Jimmy Cliff e Bob Marley. 

Mais conhecida na versão de Jimmy Cliff, "I can see clearly now" foi gravada em 1972. Os testemunhos orais apontam um grande fluxo entre o Caribe, o Pará e o Maranhão, assim, foi no 'Paranhão' que a música popular se modernizou nos anos de 1970, mudando a forma de diversão da população e construindo as identidades culturais que conhecemos hoje. 

© 2025 por Joyce Oliveira Pereira. Todos os direitos reservados do material escrito.

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